A Trindade do Apocalipse #2 - "Poder Inalcançável"


Duas horas antes:

Relatório de sobrevivência; pág 42:

"[...] Sei que pode parecer loucura, mas... devo seguir em frente, afinal, jurei ser confiante à mim mesmo desde o começo deste inferno. Tenho que encontrar o principal responsável que ceifou inúmeras vidas inocentes, ou melhor, que comandou este plano de aniquilação. Isto é, se aquele homem estranho for realmente quem diz que é. Se ele virou a casaca, desconfio. Devo arriscar meus instintos, se continuar mantendo meu objetivo de acabar com este apocalipse!" 

John finalmente havia adentrado no palácio de Brakmor (este trajando uma armadura negra e portando um capacete de mesma cor, o que deixa seu físico robusto), a fim de lhe propor uma perigosa negociação, a qual pode tanto beneficia-lo quanto prejudica-lo. Mesmo que a segunda opção parecesse mais provável, o jovem inflou seu senso de justiça ao abrir as grandes portas da sala principal destemidamente. Ambos encararam-se por vários minutos. O suor nas mãos de John denunciava sua insegurança que guardara e resistira por tanto tempo. As velas e castiçais presentes na sala proporcionavam um agradável frescor e davam certo ar medieval ao ambiente. Isto era temporário, até o cheiro de enxofre exalado de todos os lados vir adentrar nas narinas de John. Ele aguentou calado o forte odor, que ao invés de lhe causar asco, lhe deu coragem para falar primeiro sobre o tal negócio.

- Seu querido sócio veio até mim falando sobre seu plano sinistro. Não ficaria surpreso se ele estivesse sendo ameaçado se caso não conseguisse me encontrar, mas aqui estou eu, pode retirar a ameaça. Você têm a mim e eu tenho a você. O que acha de brincarmos de aliados pra nos divertimos um pouco?

- Hum... seu senso de humor é nítido só de olhar pra sua face. Mas não o ameacei. Não ainda. Se quer me fazer sentir-me um tolo com seu joguinho pode esquecer de uma vez. - disse Brakmor, sorrindo sarcasticamente.

- Muito bem então. Vamos colocar as cartas na mesa e decidir isso logo de uma vez. Lhe prestarei serviço, se caso me oferecer uma recompensa. Se é que não sabe, uma mão lava a outra. - disse John, aproximando-se do trono.

- Ah, pare com essas expressões humanas tão desprezíveis. Vá direto ao assunto, antes que eu o destrua aqui e agora, verme!

- Tudo bem. Mas antes quero que me revele o que realmente aconteceu com aquele conhecido como "Deus da Morte", o qual, supostamente, foi o responsável de um antigo incidente em um cemitério. - disse John, adquirindo um semblante sério.

- Refere-se aquele que vocês humanos chamam de "Ceifador". Permita-me apresentar-me: sou Brakmor, um dos quatro guardiões dos portões do submundo. Adivinhe só quem me deu este cargo de "Novo Deus da Morte"? Sim, ele mesmo. Quando tomei conhecimento de seu plano, ele já havia me orientado sobre o que fazer desde o início.

- Ótimo, mas me sinto obrigado a recapitular alguns fatos. Vamos á eles. - disse John tirando um folha de um dos bolsos de seu sobretudo. - Primeiramente destaco um incidente ocorrido em uma cidade no Brasil, no ano de 2005. Há poucas evidências sobre o caso, mas foi constatado, por testemunhas, antes da catástrofe acontecer, que havia uma enorme montanha de crânios no cemitério.
Há exatamente 6 anos, um grupo de sobreviventes encontrou uma esfera negra, que, segundo eles, emanava uma forte energia negativa. Consta nos relatos que foram atacados por criaturas mortais e lhe tomaram a esfera. Obviamente, foram mortos posteriormente. Outro fato que não devo deixar de salientar é a tomada de um museu muito atraente nos EUA, em Nova York. Ah sim, estamos nele agora mesmo. O museu que você e sua turma do barulho roubaram e transformaram em um "palácio". - disse John gesticulando seus dedos em sinal de aspas.

- Pra um humano aparentemente atormentado pela perda de seus semelhantes está muito empolgado ao falar estas baboseiras. A esfera da qual se refere foi quase perdida por mim, mas recuperei-a e finalmente foi me concedido o título que é meu por direito. Ele e o humano, o qual ele mantinha como recipiente, estão aprisionados nela. - disse Brakmor, tirando a esfera do lado esquerdo do trono.

- Isto não consta nos relatos. Espero que esteja dizendo a verdade, pois quando se trata de algo que quero obter trabalhando em conjunto não pretendo enganar. Mas se a alma de um inocente está contida aí dentro... têm a obrigação de liberta-la.

- E quem irá me obrigar? Você? Já entendi qual o seu negócio. Mas já adianto a você, se pensa que a alma deste garoto está salva, que seu corpo agora não passa de simples matéria descartável.

- Então o negócio está definido. Vou lhe dar a Lança do Destino, e nem precisa me dizer o que vai fazer com ela, e em troca você liberta a alma dele. Não sei para qual propósito me quer realmente, mas... o fato de você sentir uma coragem ímpar em mim, pode significar que pretende me explorar e me tirar deste mundo em seguida, exatamente como você trata um reles humano: um lixo descartável.

- Demorou para se dar conta da sua insignificância. Mas meu objetivo para com a Lança é sigiloso, e não vou admitir nenhuma tentativa de me enganar... bem, senhor White, eu deveria estraçalha-lo e mata-lo aqui mesmo... mas desde o começo de nosso império eu me pergunto: onde esteve o complexo de superioridade unido à fé na esperança de vocês? - perguntou Brakmor, levantando-se do trono e indo na direção de John.

- Bem, Brakmor, eu... eu deveria estar implorando por minha vida, até chorando de medo se precisasse nesse momento... mas só não respondo sua pergunta por motivos que não devo expor. - desconversou John.

- Tudo bem... vou indo um pouco mais além. Onde estava o ser que vocês chamam de Deus? Onde ele esteve quando minhas subordinadas iniciaram o ataque? Claro, eu já deveria saber, o motivo não poderia ser mais simples ou mais óbvio: é apenas fruto da imaginação humana passado de geração à geração. - disse Brakmor, andando ao redor de John, provocando-o com a última frase.

- Não vamos colocar isso em discussão... já estamos conversados, não precisa desprezar a humanidade sussurrando no meu ouvido como se o que fez não fosse o bastante. Vou fazer o que me pediu, basta depositar um pouco de confiança em mim, têm a minha palavra.

- Está feito. Não quero me arrepender depois, mas se acontecesse não ficaria nada surpreso, aliás estou confiando em um humano. Se fracassar ou mentir para mim... juro que vou mata-lo com minhas próprias mãos. Têm a minha palavra.

John permaneceu calado até Brakmor finalmente deixar a sala e verificar a masmorra nos subterrâneos do museu/palácio. O jovem arqueólogo sentiu a palavra final do guardião soar como uma declaração de guerra. Decidiu então honrar seu mérito de conseguir ser o herói salvador, saindo de cabeça erguida do palácio.

Sektor o observou enquanto estava saindo, com um olhar de descrença ao ver um humano entrar em conflito com seu superior. A guerreira se viu quase obrigada a seguir os passos de John, mas desistiu após temer o que realmente poderia acontecer.

Relatório de sobrevivência; pág 43:

"Não foi nada fácil, tenho que admitir. Confesso que ele me dá medo. Mas isto é só um mero detalhe, ele acha que me intimidou com aquelas palavras, mas certamente não faz a menor ideia do meu plano. Aquele velho... ele é minha única chance de prosseguir, mas... há uma alta possibilidade de eu acabar morrendo e acabar não concluindo este caderno. Eis a dúvida do momento: Até que ponto um ser humano determinado a fazer o que é certo deve assumir os riscos mesmo que signifique uma morte certa?" 

O velho misterioso observava as direções em cima de uma montanha de escombros para certificar-se de que John estaria vindo. Surpreendente, o jovem surgiu por detrás dele, o assustando e o fazendo cair de cabeça nas várias rochas empilhadas.

- O senhor está bem? Se machucou?

- Não, não, está tudo bem, apesar de ter me assustado. Como foi seu encontro com Brakmor? - perguntou o homem, limpando suas vestes sujas de poeira.

- Não tenho muito tempo. Preciso da sua ajuda. Tenho que acabar com isso de uma vez, antes que seja tarde. Sinto que Brakmor tem interesses ocultos, sinto que ele está conspirando contra mim neste exato momento.

- Acalme-se rapaz. Parece nervoso. Havia me dito que tinha planos contra os objetivos dele. Quais são? - perguntou o velho.

- Preciso de um mapa... um mapa que contenha a localização do museu onde está a Lança. Você dará esse mapa à ele, mas antes vamos até o museu pegar a Lança verdadeira, colocamos uma réplica no lugar e fugimos. O que acha?

- Está louco!? Mesmo que fugíssemos certamente ele nos encontraria e nos mataria em seguida, pela nossa traição. Sei que quer arriscar sua vida por um bem maior, mas tem a ilusão de que valerá a pena porque não tem noção do quão mortais as consequências podem ser. Simplificando: tem a intenção de morrer salvando este planeta, mesmo sabendo que é provável que seus esforços sejam em vão.

- Olha, eu... não lhe parece óbvio que esta seja a forma mais eficaz de trazer a salvação pra este mundo? A não ser que tenha uma ideia melhor, se tiver eu aceito, sempre estou aberto a sugestões. - disse John desesperando-se, percebendo a urgência do tempo.

- E tenho. - disse o velho tirando um pequeno objeto de suas vestes. - Se preferir, use esta esfera, a qual chamo de Orb. Desconheço sua real função, mas se caso estabelecer uma conexão com a ponta da Lança, criará um vórtice que sugará tudo o que estiver próximo se caso o indivíduo sentir forte desejo de poder. Logo, se esta ideia for parte do seu plano, Brakmor e suas duas servas perecerão em mundos distantes e inabitados.

- Parece arriscado, mas é viável. No fim das contas, tudo pode prevalecer a favor do lado que parecerá mais forte. - disse John pegando a pequena esfera cinzenta.

- Conseguirei o mapa e o darei à Brakmor. Decidiremos o que fazer quando chegarmos no museu.

- Está bem. Boa sorte.

Relatório de sobrevivência; pág 44:

"Eu devo estar me importando demais com isso ou estou ficando completamente louco. Finalmente tenho um aliado, mas ainda tenho minhas dúvidas sobre ele. Não sei seu nome, nem de onde veio, e, o pior, nem sei se ele realmente é humano. A Lança do Destino se encontra no museu onde mais visitei durante minha infância, e é bastante conveniente pra mim réplicas dela estarem lá agora. O plano não está definido totalmente, mas... pode dar muito certo, assim como também pode dar muito errado."

O homem misterioso se dirigiu a diversos lugares em busca do mapa da cidade. Encontrou-o em uma residência destruída - provavelmente do prefeito - mesmo desconfiando da legitimidade do mesmo.
Chegando no palácio, entregou-o à Brakmor, onde contou sobre como conseguiu e o porque de utiliza-lo. O guardião assentiu com a cabeça em um "sim" como resposta, virando as costas para o homem em seguida. O mesmo saiu andando lentamente até a saída, deixando escapar um leve sorriso no rosto. Um sinal de confiança? Talvez. Algumas horas depois, juntamente com John, trilhou um longo caminho até o museu, em uma caminhada repleta de obstáculos e armadilhas.

Ao chegarem, ambos trocaram ideias sobre como Brakmor pretende pôr em prática seu aparente plano de remodelar o universo, com dúvidas e questionamentos gritantes.

- Eu não entendo. Se Brakmor sabia da Lança desde seus primeiros anos de vida, então porque simplesmente não a conseguiu desde o início do império? - perguntou John, abrindo uma porta de uma determinada sala do museu.

- A razão é interessante de se pensar. Ele esperou passarem-se os 7 anos, pelo fato do submundo se dividir em 7 reinos, e isto lhe deu tempo suficiente para idealizar o plano, que consiste em criar 7 mundos diferentes. Brakmor pode abominar qualquer tipo de espécie diferente da sua, mas a numerologia criada pelos humanos o fascina. - revelou o velho, acompanhando John na entrada da sala.

- Quem diria hein. Agora tudo parece se encaixar perfeitamente. Viva à numerologia. - brincou John.

Havia um imenso tampo de vidro no recipiente onde se encontrava a Lança. Os dois aproximaram-se para contemplar o brilho metálico e a energia potente que ela emanava.

- Ela é incrível, não acha? - perguntou o velho.

- Sim... ela é com certeza. Gostaria de saber como ela foi criada.

- Achei que um arqueólogo como você pudesse saber. Não creio na história de que sociedades que mantinham contato com seres divinos ajudaram a cria-la. Creio que há uma história maior por trás disso... mais verossímil. - ponderou o homem misterioso.

- Enfim, não viemos aqui para aprecia-la. Me ajuda a tirar esse vidro.

Ambos conseguiram tirar a tampa de vidro, com bastante cuidado para que não quebrasse - o que, se caso ocorresse o inesperado, claramente faria Brakmor suspeitar que a Lança fora roubada.
John segurou a Lança com as duas mãos, olhando-a com surpresa. Ela lhe dava um sentimento de imponência, o que o fez concluir que o portador do artefato sente-se um Deus após possui-la.

- Bem... eu fiquei distraído não foi? Desculpe. Procure as réplicas. - pediu John.

- M-mas disse que meu plano era uma alternativa considerável. Não está cumprindo com sua palavra John. O que está havendo com você? O poder da Lança já lhe subiu à cabeça? - questionou o velho.

- Não é nada disso! Meu plano, meu objetivo e a salvação do mundo. Tenho plena convicção de que meus ideais podem fazer este mundo prosperar de novo. Porque não entende algo tão simples? Olha, se quiser ficar por aqui até o Brakmor aparecer o problema é seu. Se não vai me apoiar mais, nossa aliança acaba agora. - disse John, dando as costas para o velho, em uma clara denotação do efeito da Lança sobre sua mente.

- John! Ainda não terminei. - disse o homem, fazendo-o parar antes que abrisse a porta. - Vou fazer o que me pediu, seu plano será concretizado. Mas subtende-se que saiba o risco que isto lhe trará quando Brakmor vier aqui e saber que a Lança foi roubada. Eu só espero que a vontade de proteger o mundo sobreponha-se à de se tornar um ser superior... pois o poder que está carregando em suas mãos pode lhe tornar igual a Brakmor... ou talvez pior do que ele.

- Agradeço ao aviso. Mas sei o que estou fazendo, e o que farei será por toda a humanidade. Vou resistir o máximo que eu puder pra não me tornar alguém que não quero. Obrigado e foi um prazer me aliar à você.

John seguiu em direção ao destino incerto que o esperava após fechar aquela porta. O homem lamentou o orgulho maleficente do jovem, e até pensou em lhe mostrar sua verdadeira face e revelar sua identidade. Saiu de lá às pressas, pois temia a chegada de seu ex-superior a qualquer momento.
No entanto, teve a rápida ideia de permanecer escondido em uma tumba em posição vertical, onde podia-se ver através de uma brecha não muito indiscreta.

Após duas horas de espera, finalmente Brakmor chegara com sua tropa e com Sekotr e Baniph. A réplica deixada no local foi a que mais parecia autêntica aos olhos dos leigos. O velho logo se deu conta - e lamentou - sobre John subestimar a capacidade detalhista do guardião. Os demônios-soldados abriram o recipiente e entregaram a relíquia para seu chefe, que não demorou para perceber que aquilo não passava de uma fraude.

- Finalmente... ela está em minhas mãos e...

- Senhor, espere! Detectei um pequeno vestígio de ferrugem na ponta. Esta não é a Lança verdadeira! - alertou Baniph.

- Como assim não é!? Não vim de tão longe para ser enganado e... - disse Brakmor, interrompendo sua fala, logo após se dar conta de que realmente ocorreu uma substituição. Logo associou isto à John. - Não pode ser! Aquele verme maldito me traiu! Ah... aquele velho também... ele certamente se uniu àquele humano miserável. Os dois vão pagar caro com suas próprias vidas.

- Não se preocupe meu mestre, Baniph e eu podemos nos encarregar de mata-los. Teremos um banquete inesquecível. - disse Sektor, lambendo seus negros lábios, com sede de apreciar o sangue de John e fome de saborear a carne do mesmo.

- Alerte o pelotão 1, 2 e 3. Prepare a primeira leva de soldados. Por enquanto quero todos vocês permanecendo aqui, enquanto vou atrás daquele verme insolente. - ordenou Brakmor, seguindo com fúria em direção à saída e quebrando a falsa Lança ao meio em seguida.

John percorria inúmeros trajetos em pequenos bairros completamente desabitados. Em meio à destroços de prédios e diferentes rastros de destruição, o jovem corria freneticamente portando o artefato mais poderoso e perigoso que já tocou em todos os seus anos como arqueólogo. Até que chegou a um cemitério e se encostou em uma parede semi-destruída para recuperar o fôlego.

Relatório de sobrevivência; pág 47:

"Estou desnorteado e sem saber o que fazer primeiramente. Não duvido que eu esteja sendo perseguido pelos demônios de Brakmor. Tenho que dar um fim à esse inferno antes que ele me consuma por completo, mas... possuo algo que não sei se tenho capacidade suficiente para realizar e... eu não sei o que fazer. Vou tomar fôlego e me acalmar, deve ser só o desespero. Eu sei o que fazer e vou conseguir. Eu deveria ter escutado aquele velho? Começo a me dar conta de que seria mais rápido e eficaz transporta-los pra outro mundo, dimensão ou sei lá o quê mais, usando a esfera... que tenho aqui comigo. Que dilema!" 

John olhou para trás, apenas mantendo seu corpo escondido na parede, e avistou a figura de Brakmor se aproximando, montando em um cavalo negro entre as árvores, em um semblante de fúria e ódio que logo pode se materializar na mais perversa e cruel sentença de morte.

                                                          CONTINUA...

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