Nem tudo é o que parece #33 (Especial - Palhaços)


Havia ido ao parque de diversões com meu irmão naquele fim de semana. Eu tive que ceder, pois senão ele iria torrar minha paciência pelo resto do ano se não o levasse.

Eu o deixei se divertindo num trailer chamado "Máquina do Riso" enquanto eu atirava em alguns patinhos de borracha para ganhar o prêmio. Fiquei entediado e fui em busca dele. Perguntei a um funcionário próximo do trailer o que tanto se fazia lá, tanto é que me dei conta de que não fazia ideia do porque o garoto ter ficado tão interessado naquilo.

O cara me falou que dentro do trailer morava um palhaço que chamava as crianças para contar piadas. Não ao ar livre, claro. Ele as convidava para entrar no trailer e lá mesmo faria o seu show.

Era um recém-contratado e pelo que parecia seu negócio não rendia o exigido pelo dono do parque. No mesmo instante, ouvi uma risada escabrosa, até me arrepiei todo. Reconheci de imediato. Era meu irmão, rindo loucamente, de um modo que jamais tinha visto.

O funcionário me disse - também assustado - que era assim que o tal palhaço piadista costumava rir quando passava pelas pessoas e fazia chacota delas. Óbvio que uma criança jamais riria daquela forma... tão insana!

Preocupado, bati na porta do trailer, chamando pelo nome. O funcionário já havia ido embora, provavelmente teria saído correndo. Ele continuou rindo, não parava de jeito nenhum! Fui até a janela e bati no vidro com força, quase gritando. Uma mão branca tirou o pano que cobria a janela e um sorriso amarelado e feio apareceu. Era ele, com a boca pintada de vermelho e parte do rosto pintado de branco. Ele me disse: "Não perturbe! Não está escutando esta bela música?".

Fiquei sem entender merda nenhuma. Quando chegamos em casa, meu irmão estava muito deprimido e disse que queria voltar lá mais vezes, mesmo que a barriga doesse e a cabeça parecesse explodir. 

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Eu trabalhava como vigia do parque no período do dia. Isto foi pouco antes de eu pedir demissão. Sempre nos fins de tarde surgia um palhaço meio careca com cabelos vermelhos nos dois lados da cabeça e os olhos contornados de maquiagem preta e o rosto branco. Era um cara gorducho que queria ganhar a confiança das crianças fazendo malabarismos ridículos.

Um dia fui até ele para questiona-lo sobre aquele "trabalho". Falei que assustava as crianças e que precisava se mandar dali se não quisesse ver o parque ficar deserto e, claro, eu perder meu emprego por causa disso. Ele implorou, esperneou e choramingou para mim, mas fui curto e grosso e pedi novamente para que saísse do parque. Me veio com umas desculpas de que sofria de depressão e que necessitava dos sorrisos e da alegria das crianças para conseguir voltar a ser feliz de novo.

Ainda assim o mandei embora dali, já irritado com aquele dramalhão todo.

No dia seguinte, estranhei não haver ninguém passeando no parque. Estava completamente deserto. Não sei pelo clima de inverno ou por outras razões desconhecidas... Enfim, de qualquer forma, eu o vi lá, novamente fazendo malabarismos perto duma árvore, rindo feito um idiota.

"O que esse imbecil tem na cabeça? Fazendo malabarismos para os fantasmas?", pensei.

Não dei mais um passo quando percebi com o quê fazia os malabarismos. Eu poderia estar errado no momento... na verdade, eu quero muito estar errado sobre aquilo!

De alguma forma tive a impressão de serem globos oculares ao invés de bolinhas comuns. 

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Esta é sobre um colega que sobreviveu para contar.

Ele dirigia um caminhão e se deparou com a figura de um palhaço no lado direito, acenando com uma mão e segurando um monte de balões coloridos na outra.

Como estava apressado demais para perder tempo com caronas, decidiu ignora-lo.

Poucos minutos depois, viu um fio se enrolar no espelho retrovisor lateral - ventava bastante no dia. Depois veio o susto. Um monte de balões bloqueou completamente a visibilidade dele batendo no para-brisa.

Talvez ele não tenha percebido logo de cara... mas pareciam ser os mesmos balões que o palhaço rejeitado segurava. Nem os limpadores conseguiram tirar.

Perdendo a direção, ele se desesperou ao extremo, não poderia tirar do retrovisor o fio que mantinha os balões presos sem soltar o volante. Como consequência, acabou por fazer um desvio brusco, logo caindo em um declive.

Por sorte, conseguiu sair correndo dali antes do caminhão explodir por inteiro.

Até hoje ele tenta encontrar uma explicação para aquele acidente. Afinal, o vento não estava tão forte a ponto de causar aquilo.

Esse caso me ensinou que devo dar caronas à palhaços de agora em diante, não importa o quão feios e misteriosos sejam.

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Para distraí-lo durante as férias de verão, comprei um palhaço de brinquedo para meu filho, praticamente do mesmo tamanho que um ser humano.

Numa manhã, eu havia o levado à escola, com o aviso de que ele não deveria levar o palhaço para mostrar aos colegas. Quando cheguei, pensei em comer algo. O palhaço estava largado na poltrona, com aquele sorriso vermelho de orelha à orelha e os olhos arregalados.

Eu tive que reunir algumas roupas para levar à lavandaria mais tarde. Foi então que, de repente, pensei ter ouvido o som da torradeira ligando. Corri até a sala e vi que o boneco já não estava mais lá sentado!

Eu nem havia tirado as torradas da dispensa. 


O FIM?

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