Contos do Corvo #21



                                                                O CLÃ DE RAPOSAS (PARTE 2)

Eu segui Louis voando mais devagar do que eu costumo, acompanhando o facho da lanterna na direção de onde veio o grito apavorado de Leslie. A partir deste momento, foi puro silêncio, somente o som dos passos rápidos do rapaz. Nenhum dos corpos, realmente, foi recolhido. Porém, já não estavam lá, e todos, obviamente, podiam jurar não terem feito nada às escondidas sem o consentimento de Louis, caso o contrário levariam um belo pé na bunda do chefe de programação por um ato sem o conhecimento e permissão do líder a equipe. Achei justo.

Voltando à falar de Leslie e sua caçada mal-sucedida... Bem, Louis, "felizmente", conseguiu encontrar seu corpo. Corpo no sentido de estar morto mesmo. Eu diria, estraçalhado, trucidado até os ossos e com tiras de pele espalhadas pelo local do ataque. Totalmente chocado, Louis acionou um rádio-transmissor no seu cinto e chamou o resto da equipe para irem até lá imediatamente, ele estava certo de que acordariam com o barulho da estática. Ele fez seu relatório próprio sobre o ataque que causou a morte de sua colega de trabalho falando em um gravador. Ninguém além dele mesmo sabia. Acho que foi uma decisão de última hora relatar secretamente os acontecimentos bizarros, não creio que ele iria revelar algo assim que chamaria a atenção dos outros - Louis parecia ser o único menos preocupado com a fama.

Aquilo não foi um ataque de raposa, segundo a teoria de Louis. Ué, mas não eram justamente as raposas que compunham a maior parte dos animais habitantes naquela floresta? Além do mais, ainda podia-se facilmente considerar uma ligação direta com a poluição no lago, mas eu me enganei sobre Louis não ser tão esperto a ponto de não levar em conta esse detalhe.

Manny, Joe e Drake vieram correndo e ficaram abalados ao verem o corpo de Leslie com a pele quase toda retalhada - faltou muito pouco para as garras da coisa não penetrarem nos órgãos internos. Vieram a tempo de Louis terminar seu relato secreto. Por unanimidade, os quatro se separaram para vasculharem a área, pois Louis suspeitava terem invadido território de alguma criatura desconhecida, porque, com certeza, nenhum outro animal selvagem faria aquilo.

A ideia complicou um pouco minha situação. Mas resolvi seguir o mais sensato e o que possuía mas mais remotas chances de morrer naquela selva: Louis. Tudo bem, pode dizer, ele é meu favorito sim, o cara é bacana, então eu estava mais confiante nas suas descobertas. Era seguir mais além e encontrar a raiz do problema, independentemente dos riscos.

Era noite sem lua, então a caminhada foi árdua, só dependendo das lanternas. Louis foi o único a seguir em frente desprotegido, sem armas com tranquilizantes como os demais. O facho de luz da lanterna foi iluminando mais cadáveres de raposas que, aparentemente, foram mortas pouco tempo após a morte de Leslie. Por um instante, ele teve a impressão de focar o facho em olhos vermelhos escondidos na escuridão. Ele voltou a luz para o ponto onde viu os tais olhos, mas já haviam sumido. Como não era bobo nem nada, passou o facho de luz para os arbustos ao redor de si e parou em um ponto aleatório, mas aguardando enxerga-los de novo em um outro ponto. Nada aconteceu.

Sobre a análise dos resíduos tóxicos coletados no lago, o grupo A fez uma conclusão sobre o muco transparente e pegajoso: Sem classificação/ Matéria oriunda de uma fonte desconhecida, mas detentora de altos níveis letais de toxicidade. Àquela altura, já se pensava em cancelar a gravação do programa para focarem diretamente no estranho caso de mortes misteriosas de raposas com conexão à poluição do lago em frente à casa para campistas. Manny, esperto, havia trazido uma câmera-filmadora de mão e gravava sua aventura com uma narração bem sensacionalista.

É... bem, eu resolvi segui-lo, pois com Louis o negócio não andava tão proveitoso, ele parecia andar em círculos, provavelmente iria acabar se perdendo e virando comida de monstro.

E, para minha surpresa, Manny filmou os olhos vermelhos nos pontos escuros, vendo-os por mais tempo que Louis. Tipo, uns 30 segundos a mais. Quanto à Joe e Drake... não sei não, desde o início já não colocava muita fé naqueles dois. Mas Louis, antes da separação, havia dado o aviso: "Caso alguém queira tentar uma comunicação via rádio e não houver respostas por mais do que 2 minutos, pensaremos no pior.".

Manny focou a luz da lanterna no solo e acabou levando um susto por ver uma pata com pelagem bem alaranjada... uma pata de raposa. Foi super-rápido. Não durou mais que 2 segundos. A coisa com olhos vermelhos era uma raposa e ele narrava com mais empolgação, mas recuando e recuando cada vez mais. Empolgação que virou medo. Medo que depois se tornou pavor.

Ele largou a lanterna quando sentiu uma presença à espreita... por trás, pensando ser pela frente. Tremia tanto que mal conseguia destravar a arma com tranquilizantes. Algo mordeu a perna esquerda dele e ele soltou um grito bem agudo. Seu corpo foi arrastado pelo solo como se não passasse de um pedaço de carne humana qualquer. A câmera permaneceu largada, e quem quer que estivesse próximo - Drake ou Joe - a acharia e veria a filmagem com a prova concreta.

Voltei para Louis e ele estava gravando mais um relatório secreto, em voz demasiadamente baixa a fim de não chamar a atenção das raposas estranhas que faziam a ronda no território marcado. Ouvi ele dizer que andar em círculos pela mesma área foi proposital para confirmar uma suspeita que somente ele tinha a respeito dos cadáveres de raposas espalhados. Na primeira volta os corpos haviam desaparecido. Antes disso, ele usou uma seringa com agulha e pegou uma amostra de sangue de um dos cadáveres. Ele sentiu que, mesmo com tantas raposas mortas, várias presenças ocultas estavam rondando a floresta. Não satisfeito, ele continuou a seguir, mas por uma outra direção.

No entanto, quando alcançou a parte mais perigosa do território, ele acabou pisando em uma suposta armadilha. Um buraco coberto com palha e folhas. Assim que Louis pôs o pé no exato ponto, ele foi abaixo imediatamente. Voei mais baixo e fui até lá.

Louis caiu em uma espécie de gruta. Eu fiquei observando na escuridão ele se levantar e tirar a poeira da roupa. Olhou para os lados e apanhou a lanterna. O facho, de imediato, iluminou uma sombra alta, parecendo ser um tipo de raposa... antropomórfica com uma cabeça maior e uma cauda mais peluda. 

Assim que Louis gritou "Ei, você!", a criatura subitamente correu de volta e, poucos segundos depois, antes que ele seguisse-a correndo, uma luz branca, refulgente, feito um flash de alta intensidade, saltou aos meus olhos e nos de Louis, fazendo ele voar para trás e eu me proteger com minhas asas. 


CONTINUA... 


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