Diário de Vicky Hattori - A Origem da Violinista Mascarada (Parte 14)


14º DIA: CORAGEM

10/07/2014

Dispensei meu guarda-costas hoje de manhã. Por que, afinal? Não mereço ser salva? O que não mereço é um protetor na minha cola a quase todo instante. Prometi paga-lo uma quantia generosa. Se eu não pudesse fazê-lo, meus pais se responsabilizariam. Ele perguntou o que eu quis dizer sobre não chegar a cumprir a promessa. Saí sem responder nada e ele ficou sem entender. Deixei como está, não telefonei, nem forcei meus pais a darem detalhes do "acordo de suspensão de serviços". Não me importo. Ele estava com sua aura vermelha, um vermelho tão... pulsante, tão vivo e intenso... que enquanto conversávamos somente me foquei nela, fingindo prestar atenção no discurso dele. Uma pena, ele era um cara legal, uma boa companhia. Foi bom conhece-lo. O destino terrível dele mal passa pela minha cabeça. E por que deveria?

Eu tive uma vida próspera. O significado dela... eu não o pedi, ele foi tirado de mim. E não me sinto nem um pouco frustrada por isso. O que mais tenho a perder? Meus pais, meus amigos... eles terão uma vida longa pela frente. Já não me pertencem mais. Minha mãe, em especial, recomendou-me uma terapeuta, pouco versada em psiquiatria, mas irrelevante. Tenho manifestado meu incômodo com minhas visões de modo mais explícito. O que vejo no espelho é um ser semi-cadavérico, pálido feito cal, rachado, definhando lentamente, os olhos negros, como se estivessem sem globos, jorrando mais lágrimas vermelhas... Eu poderia preencher todas as páginas desse diário apenas com adjetivos acerca do que fui transformada, do que fui forçada a aceitar. E não me sinto frustrada.

Bem, direto aos fatos: Fiz a denúncia. Parece que neste exato momento estão cuidando da averiguação do local. O meu celular agora está tocando... Era o Maestro. Já foi logo mencionando o nome da minha irmã. Aiko está com ele, óbvio. Disse que vou receber meu castigo pelo que fiz. Se estou com medo? Poupe-me.. Estou a espera de Aiko. Pelo que pareceu, ele ordenou que ela me visitasse amanhã. Não estou tensa, finalmente conhecerei minha irmã - mesmo sob as ordens de um psicopata - e será no momento em que meus pais não estarão em casa, ou seja, pela manhã, quando estou sozinha na maior parte do tempo. Disse que nós duas deveríamos ouvir a sinfonia juntas e reproduzi-la. Foi uma ordem direta e se Aiko desacatar ela morre, meus pais também, enfim toda e qualquer pessoa que teve um contanto direto comigo. Pessoas com quem me importei. Quando eu me sentia viva. Agora? O que sou agora além de uma casca gélida e vazia de sentimentos? E como diabos o Maestro descobriu o número do meu novo celular?


CONTINUA... 



*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos ou intenções relativas a ferir direitos autorais. 

*Fonte da imagem: crowensins.tumblr.com




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