Diário de Vicky Hattori - A Origem da Violinista Mascarada (Parte 16 - Final)


16º DIA: ÚLTIMAS PALAVRAS

11/07/2014 

Como fostes tola. Nadou, nadou, nadou... para humilhantemente morrer na praia. Então... Bem, vou me apresentar: Sou Aiko Hattori. Não sou a outra filha. Não sou a filha morta. Tampouco uma bastarda. Sou a única e original filha do amável casal Hattori. Compelida pelo destino a viver por 12 longos enterrada numa maldita sepultura. Quem me libertou? Você se pergunta. E se eu lhe disser que não havia ninguém lá? Acordei... me vi suja de terra, sozinha no cemitério à noite e vagando pelas ruas e esquinas no meio da madrugada feito um fantasma. Morta eu não estava. Diria que inconscientemente no mais pleno e absoluto estado de meditação. A verdade é que... Bem, se fosse antes eu não conseguiria fazer esta declaração importante prendendo o riso, mas ver o pobre corpo decrépito dela caído no chão deste quarto torna isto mais fácil. Pois é... Estou de volta! Emocionante, empolgante... não sei, me faltam palavras para definir esse sentimento revigorante. Mas calma aí... Vicky não está morta. Ela só é, digamos, uma mera pecinha de um jogo que eu mesma criei após meu retorno. Estive vigiando-a desde então. Através de uns companheiros que arranjei, na base da clássica promessa do "serviço rápido, pagamento fácil". A primeira fase: Início de faculdade. Momento importante para a vida de uma garota, cheia de mudanças, novas experiências. Um dos meus se disfarçou de calouro, deu uma de penetra na grande festa de arromba e seguiu conforme o ordenado. Honestamente, nenhum deles sabia que recebiam ordens de uma garota de 23 anos. Logo foi necessário apelar para filtros de voz, modelito sinistro e uma máscara cafona. Se soubessem... Enfim, continuando: Propositalmente, o livro, Sacrifitorum, foi deixado ao lado da cama dela. A dopamos com uma poderosa droga psicotrópica colocada discretamente na sua bebida. Vicky suspeitar até dizer chega e vir até nós foi parte do plano.

Eu idealizei a troca de mensagens. Um deles obteve o número de celular de Vicky com um dos 4 melhores amigos dela, o qual cooperou bastante conosco graças a um leve suborno, nada de muito pressionador. John Baker é o seu nome. Mas gosto de chama-lo de otário. O convencemos a não dizer nada à polícia quando Vicky desaparecer e passar a agir naturalmente enquanto ela ainda continuava sendo a mesma, só ocultamos o detalhe de ela estar apodrecendo de dentro para fora devido ao poder do Sacrifitorum, a energia malévola que passou a criar raízes no corpo, na mente e na alma. E tem também o irmão de Rachel Lewis - nossa segunda "aliada" -, com o qual, por permissão da mesma, se comprometeu em nos ajudar, mas acabou nos passando a perna ao libertar Vicky e fugindo do país feito um covarde. Racehl, por sua vez, concordou, com um certo medo, em cooperar para não deixar tão clara a sua insegurança em se envolver com alguém que faria mal à sua estimada amiga.

Aquele dia, da festa, foi a primeira etapa. A segunda se deu quando finalmente a tive na palma da mão naquele sequestro que ela mal sonhou que ocorreria. Ainda no mesmo dia de meu encontro com John, o forcei a guardar uma foto minha de quando eu tinha 9 anos - 2 anos antes de minha "morte" - e o orientei a deixa-la quase solta na sua mochila no momento em que ele achasse que Vicky poderia estar suspeitando dele, a começar pelo aprofundamento de um vínculo formado, através de estudos, conversas e tal. Sim, John me ligou 4 vezes no dia em que Vicky estava em sua casa estudando e, como o garoto esperto que ele é, já desconfiava que a amiga ia dar umas escapadinhas para fazer sua investigação secreta. Em resumo: Maestro nada mais é que um alter-ego meu (meu lado mais masculino, talvez?). Você se pergunta sobre como "morri". Naquela época, meus pais estavam indecisos quanto ao meu futuro... e cogitavam a ideia de me encaminhar para adoção. Frustrada e decepcionada, foi como se o chão tivesse cedido e eu fosse caindo num abismo sem fundo. Então, mesmo com pouca idade, considerei a ideia mais ousada que já tinha tomado até então. Resultado: Meus pais acreditaram naquela cena essencialmente teatral. Naquela época, eu já havia estabelecido uma conexão com forças ocultas por meio de colegas relativamente mais velhos que eu. Prometeram que o Sacrifitorum concedia imortalidade a quem realizasse o seu mais obscuro feitiço. E meu suicídio forjado foi a fase preliminar. Eu os amava! Queria-os por perto, queria eles, não outro casal qualquer! E que mentira a mamãe contou para Vicky hein. Eu sou a filha legítima do casal Hattori. Vicky é só um protótipo, vindo de uma barriga de aluguel. Mamãe, já nessa época, não era mais capaz de gerar, por algum condição específica, então utilizaram FIV (Fertilização In Vitro).

Quando eu soube que ganharia uma irmãzinha... ai, não deu pra segurar, sabe, aquela ânsia de... sumir pra nunca mais voltar. E aconteceu. Vicky nasceu quando eu tinha 7 anos e foi transferida para um orfanato onde lá seria incluída no grupo de adoção. Amaldiçoei a vida de Vicky por ter nascido. Por ter sido tratada como uma substituta minha. Meus pais foram espertos... mas não tanto. Queriam se livrar de mim por eu exigir muito deles, se é que me entendem. Meu sonho de estudar numa renomada escola de música sinfônica foi indo por água abaixo à medida que eles davam desculpas esfarrapadas e a pior delas foi: Insuficiência financeira. Àquela altura eu já compreendia 90% da artimanha deles. Poucos anos depois veio o 100%. Eles desejavam uma filha cujos planos e objetivos não pesassem tanto no bolso e viram em Vicky a esperança de cuidar de uma criança que desse menos trabalho. Tinham motivos para se orgulharem de mim e não valorizaram tais razões, como, por exemplo, o meu Q.I de 198. Planejavam adotar Vicky depois que eu fosse encaminhada ao mesmo orfanato! Que tipos de pais fazem isso? Largam a segunda cria num lugar de quinta categoria para depois que a primeira for dispensada no mesmo lugar eles poderem finalmente a terem como única! Isso é inaceitável! Mas não os odeio... não consigo odiá-los, é impossível. Por isso voltei para me redimir do meu ato do passado, mesmo sem obrigação de revelar nada à eles. A força oculta do Sacrifitorum, na fase preliminar, fez meus sentidos reduzirem à quase zero, o suficiente para que eu parecesse morta. A primeira etapa da ligação estava completa. Nem posso imaginar o quão angustiados eles ficaram. Mas foi o único modo que vi para fazê-los se importarem mais comigo e acho que funcionou. Meu despertar não foi exatamente o início da segunda etapa, estava mais para uma transição. Recuperei o livro na mesma biblioteca onde eu tinha deixado-o há 12 anos, tive sorte de ter encontra-lo bem preservado, meus agradecimentos à proprietária que ainda trabalha lá. A segunda etapa de ligação foi na festa de calouros. A terceira foi durante o sequestro. E a quarta e última... há quase 15 minutos. A sinfonia tocada pelas duas pessoas cujas almas estavam obscuramente interligadas era o último passo completarmos nossa conexão. Quanto mais a ligação se intensificava, mais a pessoa ligada ao verdadeiro portador do livro sofria com diversos efeitos, físicos e mentais, passando a transforma-la em uma aberração sobrenatural pouco à pouco. A sinfonia mortal.

E foi lindo. Quem diria hein... Aiko Hattori tocando uma sinfonia junto da irmã que amaldiçoou. Só para deixar bem claro: Essa história é muito mais minha do que de Vicky. Depois de concluída a ligação, ela vai estar em um coma temporário, enquanto eu... ahn... a substituo. Ah, qual é, somos totalmente idênticas! Até nossas vozes são iguais! Afinal, quanto mais Vicky mofava feito pão embolorado, eu recebi alguns bônus... até nos tornarmos completamente gêmeas, duplicatas uma da outra aliás. Parece irônico eu a substituir pelos próximos 365 dias? Bem, esse é o tempo máximo até que a transformação de Vicky alcance o último estágio e então ela poderá despertar. E aí depois eu sumo. Temporariamente. Mas voltarei. No momento mais oportuno possível. Quando todos tiverem suas esperanças jogadas no lixo sobre o misterioso sumiço de Victoria Hattori. Até meus pais. Ela acordará pouco antes de eu desaparecer. E vai renascer para um novo tipo de vida. Darei à ela de presente um violino stradivarius novinho em folha, para que sempre toque a sinfonia mortal. Enquanto isso não acontece, estarei agindo como ela, mas ainda serei Aiko Hattori. Afinal, eu sou a primogênita. E vou esconder este diário e troca-lo por uma "cópia", mas com fatos levemente alterados. Finalmente retornei para reconquistar meu devido lugar, o lugar que devo ocupar por direito.

Descanse em paz, Vicky. Espero que tenha aproveitado o bastante. Pois nessa família... não há mais lugar para você. Seremos duas violinistas de sucesso.

 Eu para a vida... e você para a morte.


FIM (?)





*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos ou intenções relativas a ferir direitos autorais. 


*Fonte da imagem: https://br.pinterest.com/5feetoftrble/romance/



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