Nem tudo é o que parece #41


21h15: Horário que eu e meu namorado marcamos para nosso encontro numa praça deserta. Olhei para os lados, meio aflita. Sem sinal dele em parte nenhuma. Dois minutos atrás respondeu uma mensagem minha dizendo estar lá.

21h22: Tentei enviar uma mensagem, sem sucesso. Ele já estava offline.

21h24: Achei um bilhete escrito com a caligrafia dele... dizendo ter sido sequestrado em casa por um cara mascarado, encapuzado e armado com um punhal. Tinha resíduos de sangue seco no papel, fiquei desesperada.

21h32: Peguei carona num táxi. O celular dele não atendia.

21h58: Entrei na casa dele depressa. Nenhuma luz acesa. Sem sinais de arrombamento. Fiquei vasculhando os fundos.

22h10: Escutei barulhos de passos vindos da escada. Fui até a cozinha e acabei encontrando o celular dele em cima da mesa. Telefonei e suspirei aliviada por não estar desligado. Mas o toque era diferente... O aparelho era idêntico ao que ele tinha. Pensei que tivesse mudado o toque. Não fazia sentido. Ele foi sequestrado no local do encontro. Claro que não teria deixado o celular em casa, ainda mais largado na mesa. Teorizei que era falso.

22h13: Entrei no armário e me tranquei por segurança. Tinha umas tralhas empilhadas, mas deu pra se acomodar. Me mantive bem perto da porta.

22h15: Mandei nova mensagem. Estava online. Ele respondeu que tinha mudado o número do seu verdadeiro celular. O bilhete foi ele quem escreveu e o sangue era tinta. Fiquei p da vida com ele nessa hora, queria esgana-lo por essa brincadeira maldosa. Disse que estava no quarto. Então respondi pra ele vir arrombar a porta do armário porque não tinha achado a chave. Disse que queria ouvir minha voz...

22h18: Então eu liguei pro novo número. Mas...

Ouvi o antigo toque do celular dele... bem atrás de mim. 

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Meu falecido avô era titeriteiro e possuía um álbum de fotos tirando umas "selfies" mostrando seus ventríloquos e marionetes.

Porém tinha uma foto, em preto e branco, com ele e um ventríloquo (com aparência de palhaço), sentados lado à lado. O boneco estava à esquerda dele... olhando pra ele de esguelha.

Meu pelo eriçou porque o vovô nem estava tocando no boneco, mas com as mãos juntas entre as coxas e sorrindo. 

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Não deu outra. Tive que comprar um carro melhor de segunda mão. Deveria ser urgente. Sem direito a test-drive, eu estava com uma pressa medonha.

Consegui exatamente o ideal que eu procurava.

Lataria sem arranhões, faróis novinhos, pneus caprichados, espelhos limpinhos, bancos sem rasgos...

E, por último e não menos importante, um porta-malas onde possa caber um corpo.

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Passando por uma rua movimentada, já saindo do trabalho, avistei um homem numa calçada, careca, boca vermelha, o rosto todo pintado de branco e nas bochechas tinha símbolos, aqueles naipes de baralho. Estava fazendo malabarismo e andando num monociclo ao mesmo tempo, sorrindo para quem lhe desse uma migalha de atenção, bastando um olhar sem muito interesse ou um sorriso.

Eu passei por ele e sorri meio fingida, porque alguém daquele jeito só podia estar doente de carência.

Me arrependi de não ter sido natural o bastante quando ele ficou me seguindo insistentemente até eu dobrar para a rua da minha casa... 

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Meu sábado de cinema foi cancelado por uma tragédia. Mas sei lá... acho que eu nem deveria ter pisado para fora de casa. No fim, a única sensação boa foi de ter me considerado uma pessoa de sorte... muita sorte. Abençoada, melhor dizendo.

Eu subiria para o próximo andar no elevador do shopping com umas onze pessoas (não sei se fiz as contas direito, mas o que importa?). Uma delas era o cara que estava do meu lado que, de repente, cochichou no meu ouvido:

"Daqui à três minutos todo mundo nesse elevador vai morrer".

"Do que você tá falando, cara? Você é pirado? Ou é você quem vai matar essa gente?"

"Eu não. Aquele homem sim.". Ele apontou para um cara de sobretudo e chapéu cinza que esperava a próxima subida. "Ele tem uma arma. Vai matar todos. Vi isso no meu sonho."

"E por que tá avisando isso logo pra mim?".

"Porque eu jurei que ia escolher alguém pra ser alertado. E é você.".

Fiquei parado vendo ele entrar, o julgando mentalmente de maluco, drogado e esquizofrênico. Mas lá no fundo, eu senti que não devia entrar.

E o que veio exatamente três minutos depois me provou que estava errado sobre ele. Nunca mais julgo alguém precipitadamente.

Colei meu ouvido à porta do elevador, ignorando os olhares estranhos, e escutei, apavorado, a barulheira dos tiros e aqueles gritos.



FIM...  por enquanto! 





*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de: https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-celular-branco-da-tela-do-toque-do-dedo-na-c%C3%A2mara-escura-image59444953
                                    https://www.tripadvisor.com/LocationPhotoDirectLink-g312741-d306690-i75040182-Obelisco_Center_Suites-Buenos_Aires_Capital_Federal_District.html



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