Nem tudo é o que parece #43


Eu tinha 12 anos na época... e uma vizinha com a qual não ia muito a cara - nem ela com a minha -, mas que vez ou outra passávamos por perto um do outro só cumprimentando por educação. Coisa de vizinhos, né? Só na base da tolerância mesmo que não se suportem na convivência. Eu decidi, um dia, segui-la com minha bicicleta pela estrada da floresta ao lado. Sério... Eu a achava meio estranha.

Ela levava uma caixa de madeira e quando estava perto de entrar na floresta, a alcancei a tempo. Que se danem as boas maneiras, mesmo que ela me achasse mal-educado eu ia perguntar.

Dei uma reduzida na velocidade da bike enquanto eu perguntava o que levava dentro da caixa e para onde ia. Ela só respondeu que a floresta era um atalho seguro para a casa de sua irmã que tinha um filho recém-nascido e para ele estava levando umas roupinhas. Eu respondi com um seco "Ah tá" e me mandei.

Só que fiquei pedalando no ritmo lento e ela já estava à uma certa distância na floresta, ainda dava pra vê-la entre as brechas das folhagens.

Eu pedalei rápido depois de ligar os pontos. Pedalei rápido pra voltar pra casa assustado.

Pedalei rápido depois de ouvir um choro alto de bebê que vinha da caixa. 

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Uma vez eu visitei os bastidores de um programa infantil para um trabalho escolar que valia pontos na média e era minha chance de ouro fazer aquele maldito e trabalhoso relatório. O protagonista do show era um palhaço chamado Zazzubi (com dois "z" mesmo) que recebia crianças em sua mansão mágica para brincadeiras, jogos e descobertas. Nesse dia eu nem cheguei a entrar no set de gravação.

Um funcionário qualquer disse que o prédio tinha contrato arrendatário com a emissora que rasgou a folha e não quis mais financiar a produção por um motivo desconhecido. Nem tão desconhecido assim. Não para aquele cara. Eu nem sabia que essa droga de programa tinha saído do ar. "Já eram meus valiosos pontos", pensei. Mas quando o cara me falou outros detalhes, até compensou a frustração. Foi meio agregador, mas também um pouco... sinistro.

O cara parecia muito baixo astral, dizendo que o programa não durou nem três meses. Eu tenho um primo mais novo que adora. Poxa, ele vai ficar frustrado quando eu disser que o palhaço favorito dele maltratava e molestava as crianças que contracenavam com ele. Sabe aquelas risadas de sitcom que acontecem toda vez que o personagem solta uma piada?

Não eram pré-programadas, mas ao vivo.

É que ao vivo dava um ar de autenticidade ao show. Principalmente quando essas risadas eram de pessoas - muitas delas funcionários da produção - presas em cadeiras, cada uma com um "risômetro" que media o nível de risada de 0 a 100. Ele disse que dava trabalho trocar o pessoal a cada bloco.

O adorado Zazzubi queria risadas autênticas e a eletricidade das cadeiras dava conta disso. 

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Terminei um relacionamento muito recentemente e foi mais cedo do que todos os outros.

Ela quis brincar de caça ao tesouro na casa dela já no nosso... quarto encontro. Disse que o "tesouro" era um aviso porque pra ela o sucesso da relação estava nas minhas mãos.

Depois de uns 30 minutos atrás do X no espaçoso quintal dela, encontrei.

Cavei e desenterrei uma lata amassada e aberta.

Na lata estava um dedo cortado.

No dedo estava uma aliança. 

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Aposto que já aconteceu à você de ouvir alguém lhe chamando - um amigo ou familiar - e você ir até a pessoa perguntando o que é e ela responder que não falou nada.

Mas e quando ocorre de você ouvir a voz da pessoa de dois lados diferentes?

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Depois de muita insistência, finalmente minha mãe, cabeça dura, concordou em se livrar daquele armário que de nada servia a não ser para me deixar amedrontada e sentada na cama segurando forte a coberta apenas olhando para a brecha...

Começou numa noite quando entrei no meu quarto, meu corpo desejando relaxar no colchão, e vi a brecha da primeira porta do meu armário. Uma brecha de uns 2 centímetros, no mínimo. Chamei minha mãe e perguntei porque não fechou a porta direito. Ela disse que nem havia tocado no armário enquanto estive fora. Eu também não deixei daquele jeito antes de sair.

A medida da brecha aumentava a cada noite. 4 cm, 7cm, 10cm...

Quando eu menos pensava naquela brecha, levei um susto logo ao entrar. Sabe aquele "choque" bem no estômago por se deparar com uma coisa que te assusta?

Foi assim na hora que vi a porta do armário completamente aberta. Tinha um rastro de um fluido negro que passava pelo chão, sujou minha coberta que minha mãe tinha lavado naquele dia, e ia até a janela. Não eram pegadas... era como se algo tivesse rastejado naquele caminho.

Ouvi barulhos das folhas das roseiras se mexendo, mas tive receio em dar uma espiada ou pular.

Nunca vou saber o que saiu do meu armário.


FIM... por enquanto! 



*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de: http://saikaiforever.forumeiros.com/t82-kiri-floresta-enevoada
                                     http://aminoapps.com/page/terroramino-pt/670228/o-jogo-do-armario



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