Prisão Invisível


Hoje é 14 de Julho de 2028. Me chamo Bianca. Moro em Blumenau, Santa Catarina. Esta sou eu. Eu sei quem sou... ainda sei, por enquanto. Porque sinto como se cada pedaço da minha sanidade se fragmentasse de minuto à minuto. Me envolveram numa cilada das grandes. Ou eu que fui descuidada e me meti sozinha? Desde que anunciaram que uma "Nova Era do Gelo" viria, após o tsunami do Atlântico que devastou o Nordeste, milhares de empresas tecnológicas tentaram incansavelmente executar "milagres" para manter a sobrevivência humana num nível razoável.

Acontece que eu estou perdida. Física e mentalmente. Sem eira nem beira mesmo. Eu lembro de uma notícia... acho que faz um ano, não sei bem exatamente, mas ela existe, peguei no jornal dessa manchete e vi a notícia estarrecedora:

"O deflagar da batalha nuclear à vista. A Era das Redomas que freará os efeitos do Inferno Invernal."

A coisa mais fresca na minha mente até agora... é a visão da minha mãe e eu vendo numa transmissão ao vivo na TV um míssil com uma bomba de hidrogênio acoplada sendo disparado às 12:40. O país eu não lembro bem... acho que era a Coreia do Norte e suas picuinhas com os Estados Unidos. Isso não acabou nada bem. Depois que o alarme da explosão soou em todas as redes de rádio e TV, começaram a falar do perigo da radiação se proliferar até o Brasil. Nós duas gelamos. Estávamos flertando com o fim do mundo e nem tínhamos ideia de por onde começar a se proteger. Vejo ela chorando enquanto me conduz a um abrigo subterrâneo que o papai construiu para nos manter a salvo. Ele trabalhava no exterior em uma dessas empresas que desenvolveram as redomas.

Mas a pior parte desse pesadelo real que lembro é... a minha própria mãe me dopar com um sedativo poderoso de derrubar até um dinossauro pescoçudo. Não faço ideia de quanto tempo permaneci inconsciente, apagada, abandonada... Tô me sentindo um verdadeiro lixo humano aqui.

Sozinha no mundo. Com os pés afundados na neve. Minhas lágrimas estão se juntando à ela.

O inverno chega, eu acordo e de repente encontro tudo largado, inclusive eu. Não consigo parar de olhar pro céu, sem vontade de fazer anjo de neve, e encarar essa redoma que colocaram sobre a cidade inteira. Nem sei o que veio primeiro. A radiação ou o inverno? Acho que o inverno... sei lá.

Me fez sentir como naquela série cancelada depois de 3 temporadas. A redoma cortou os sinais de rádio, telefone e wi-fi. Só quero entender porque fui deixada aqui. Minha mãe... não pode ser, não posso aceitar, é... é desumano deixar uma vida entregue à própria sorte numa circunstância dessas!

Todos se foram. Eu... Eu não quero morrer sozinha. Ou pior: Se eu não estiver sozinha? Além de medo, estou com fome, frio, saudade, depressão, quase querendo me matar...

Hesitei em citar isso que vou revelar agora, mas preciso dizer. Tem vezes que ouço uma voz alta vindo dos céus. Tão alta, mas tão alta... que é capaz de ultrapassar a redoma inquebrável.

É a voz de uma doce criança que reconforta meu coração que pode parar se ficar muito gelado. É um menino, acredito. Ele só ri. Acontece uns tremores de terra antes dele falar.

Será que Deus ouviu minhas preces, os meus clamores e gritos de socorro? Será isso um sinal de que não fui esquecida por Ele? O que eu fiz pra merecer estar aqui sozinha e perdida? Ele não me vê só como um mero pontinho no mundo que pode ser esmagado pelo seu poder facilmente.

Ou será que estou apenas enlouquecendo pela solidão?

Não sei se vou encontrar a resposta tão cedo... acho que vou morrer antes disso.

Agora está ocorrendo um novo tremor.

Um pouco mais intenso que os anteriores. Consigo ver um grande sorriso se alargar no céu, a redoma e a nebulosidade não atrapalham tanto. É realmente grande. Parece uma miragem... um holograma.

Ocupa quase todo o céu. Ele está me enviando imagens? Me testando?

A tempestade de neve se fortaleceu.

Agora ele finalmente falou palavras. Disse que era o melhor de todos os presentes que ganhou na vida.

E que também era o melhor Natal com o melhor globo de neve.



*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.danielkaltenbach.com/artigos/somos-flocos-de-neve/



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